lunedì 12 aprile 2010

Alessandro Cannarsa: "Parabolizar vs Efabular"

Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo, tudo é enredo.
Tudo é não ter nem encontrar.
Entre o que a brisa traz e a hora,
Entre o que foi e o que a alma faz,
Meu ser oculto já não chora
Entre a hora e o que a brisa traz.
Tudo não foi, tudo se ignora.
Tudo em silêncio se desfaz.

Fernando Pessoa


Karl Shapiro, um “poeta da guerra”, na sua “Elegy for a dead soldier” dizia: “…e sobretudo odiava a homilia, o slogan, a publicidade…”. Ou seja, isto é o que nos mata: o parabolizar dos globalizadores, dos políticos, dos religiosos.
O parabolizar, mata….

“Chiaro di luna”, “clair de lune”, “luz de la luna”: os povos que falam uma língua românica “parabolizam”. “Moonlight”, “Mondschein”: os povos que falam uma língua germânica não só parabolizam, mas também criam “palavras Frankenstein”.

Só a língua portuguesa “efabula”: “luar”; e porque é que não deveria ser assim, numa região onde durante séculos morou um povo que criou um livro como “As histórias das mil e uma noites”?

Odeio a parabólica por satélite. Odeio a parábola do filho pródigo.
Odeio a parábola matemática. Odeio a parábola da bala de canhão.


Contemplando o luar.
ALESSANDRO CANNARSA

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